quarta-feira, 18 de abril de 2007

Não sei se me deixei "apanhar" pelo encanto das palavras, ou....

«Ora viajar é outra coisa: sempre que a lógica de mercado – que é uma metamorfose do racionalismo – nos “mostra” uma coisa, é porque “esconde” outra. Viajar é, por isso, procurar precisamente o que o turista não vê, isto é, aquilo que a lógica da mercadoria “esconde” evidentemente para poder “mostrar” aquilo que mostra e que corresponde a uma confirmação das expectativas de “autenticidade” turística. Viajar é, portanto, procurar aquilo que a lógica comercial esconde .
É evidente, no entanto, que o viajante “usa” o mercado: tem que usar uma vez que este está em todo o lado, penetra todas as esferas de acordo com o modelo “imaterial” da economia que funciona pela compra electrónica de informação. Mas ao usar o mercado – e diferentemente do turista – o viajante subverte-o, usando-o para o contornar, tentando descobrir a humanidade que existe por trás de várias formas de troca paga. Em certo sentido, o turista é aquele que procura viajar sem muitas surpresas, isto é, não se autoriza transformar-se em função da descoberta (por mais que isso aconteça sempre, pode não ser reconhecido como tal). Ele quer encontrar nos locais exactamente a confirmação do que se encontra nas brochuras e nos guias. O viajante é o que busca o imprevisto, a transformação, o escondido, em suma, a destruição interior do estereótipo.»Francisco Nazareth, 2007

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