Ecos Mudos……
De dedo em riste – é qualidade portuguesa desde os primórdios – evangelizar, colonizar educar, – sempre no bom sentido.
Rectângulo patriarcal e conservador que exporta preconceitos e falsos moralismos através dos seus melhores mensageiros da palavra – “os esclarecidos”.
“ Os esclarecidos” chegam a Bazaruto olham à sua volta e gostam de tudo, até das crianças com fome – exploração do exótico. Com malas carregadas de soluções levantam o dedo e enumeram as medidas necessárias à melhoria da vida daquelas gentes.
Primeiro: « vocês têm de ajudar este povo»
Segundo: « vocês têm de os ensinar a não abandonar o lixo em qualquer lado»
Terceiro: « vocês têm de providenciar médicos para a comunidade»
Quarto: « vocês têm de os educar para a monogamia»
Quinto: « vocês têm de lhes dar de comer»
Sexto: «vocês têm de lhes dar melhor alojamento»
Sétimo: «vocês têm…»
O Verbo nunca é conjugado na primeira pessoa, singular ou plural, nunca!
Ficam as lições e os ecos da boa vontade.
“Leonor vou contacta-la para enviar qualquer coisa… Leonor vou reunir esforços para conseguir…Leonor vamos minimizar a fome destas crianças… Leonor…”
Nada chega ou chegará! Ricos ou ricos – “os esclarecidos” – despedem-se da ilha com promessas… que se esvaem em nadas cheios de nadas.
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